sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

M.L - 46 anos, casada, 2 filhos. Infeliz no casamento.


M.L. é minha vizinha, mora três casas para cima da minha. Vem quase todos os dias à minha casa porque é amiga da minha mãe. É uma pessoa angustiada, depressiva, sempre querendo encontrar problemas. O seu assunto preferido (aliás, o único) é falar da vida das outras pessoas. Ela vive um casamento fracassado, o J. M., jogador inveterado, que gasta todo o seu dinheiro no bingo clandestino e nas mesas de carteado. A angustia por viver um casamento fracassado tornou-a uma pessoas amargurada, triste e depressiva.Sua vida gira em torno de um mundo muito pequeno, construído em sua cabeça, no qual interessam apenas os casamentos das pessoas e suas relações com a família. No meu bairro, sabe de todos que separara, que marido trai a mulher e que mulher trai o marido. Sua vida gira apenas em torno disso. Não tem vida social, não pensa em outra coisa que não seja se comparar à vida das outras pessoas. Esse é o grande problema, está sempre se comparando aos outros, acha que todos estão sempre de olho em sua vida. Diz que não gosta de chamar as pessoas para comer em sua casa porque tem medo que elas reclamem da comida. Isso prova duas coisas. Primeiro, que ela viveu a vida toda sem aproveitar a vida, pois é insegura. Segundo, que por se dar muita importância, por achar que todos são como ela, que reparam na vida dos outros, nunca aproveitou os bons momentos que a vida pode oferecer. Não posso afirmar que sua crise de depressão vem desse sentimento de ter deixado a vida passar. Não vou me arriscar a uma respostas. Eu teria que perguntar isso a ela (o que não vou fazer).Ah, se ela soubesse como a vida melhoraria se ela chamasse as namoradas dos dois filhos para perto de si, se oferecesse um almoço para a família, se deixasse de pensar que todos à sua volta estão sempre se olho nela... Ela veria que tudo seria mais fácil, as coisas melhorariam...Ela comete o erro de se dar muita importância (achando que todos estão olhando para ela) e, ao mesmo tempo, dá pouca importância à sua vida, sempre reparando na vida dos outros, sempre se medindo com as outras pessoas (e esquece de viver a sua vida, com a sua família).